Achei interessante esse texto. Serve e muito aos corações dos que amam e buscam compreender a vontade do Altíssimo.Tirei de um blog. Espero que cada um compreenda e tire sua própria lição daqui.
O rio de fogo banha tanto os bons quanto os maus.
Atingimos agora, creio, o ponto para compreender
corretamente o que o paraíso e o inferno eternos realmente são, e quem é
responsável pela diferença.
No ícone do Julgamento Final, vemos Nosso Senhor Jesus
Cristo sentado em um trono. À Sua direita vemos Seus amigos, os homens e
mulheres abençoados que viveram por Seu amor. À sua esquerda vemos Seus
inimigos, todos que passaram suas vidas odiando-O, mesmo que parecessem ser
pios e reverentes. E ali, por entre ambos, saindo do trono de Cristo, vemos um
rio de fogo, vindo em nossa direção. O que é este rio de fogo? Seria um
instrumento de tortura? Seria uma energia de vingança vinda de Deus para
aniquilar Seus inimigos?
Não, nada disso. Este rio de fogo é o rio que "vinha do
Éden para irrigar o paraíso" de antigamente (Gn 2, 10). É o rio da Graça
de Deus que têm irrigado os santos de Deus desde o início. Em uma palavra, é um
derramar do amor de Deus sobre as criaturas. O amor é o fogo. Quem quer que ame
sabe disso. Deus é amor, logo, Deus é fogo. E o fogo consome todos os que não
são fogo como ele mesmo. E deixa iluminados e brilhantes todos os que estão no
fogo (Hb 12, 29).
Muitas vezes Deus mostrou-se como fogo: para Abraão, para
Moisés na sarça ardente, para o povo de Israel mostrando-lhes o caminho no
deserto como uma coluna de fogo à noite e como uma nuvem brilhante durante o
dia quando Ele cobriu o tabernáculo com Sua Glória (Ez. 40, 28,32), e quando
Ele fez chover fogo sobre o cume do Monte Sinai. Deus foi revelado como fogo no
monte da Transfiguração, e Ele disse que veio "para pôr fogo sobre a
terra" (Lc 12,49), quer dizer, amor, porque como São João da Escada disse,
"o Amor é fonte de fogo" (Degrau 30, 18).
O escritor grego, Fotis Kontoglou, disse:
"A Fé é fogo que dá calor ao coração. O Espírito
Santo desceu sobre a cabeça dos apóstolos na forma de línguas de fogo. Os dois
discípulos, quando o Senhor se revelou a eles, disseram ‘Não ardia nosso
coração dentro de nós, enquanto Ele falava conosco no caminho?’ Cristo compara
a fé a uma ‘vela ardendo’. São João, o Precursor, disse em seus sermões que
Cristo iria batizar os homens ‘no Espírito Santo e no fogo’. E verdadeiramente
o Senhor disse 'Vim lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso?'
Bem, a característica mais tangível da fé é o calor; é por isso que se fala de
‘fé ardente’ ou da ‘fé que aquece’. E assim como a marca peculiar da fé é a
quentura, a marca peculiar de descrença é a frieza.
Queres saber como distinguir se um homem tem fé ou
descrença? Se sentirdes um certo calor vindo dele - de seus olhos, de suas
palavras, de seus modos - esteja certo de que ele possui fé em seu coração. Se
porém sentirdes frio vindo de todo o seu ser, isto significa que ele não possui
fé, independente do que ele diga. Ele pode se ajoelhar, inclinar sua cabeça
humildemente, pronunciar todo tipo de ensinamento moral com uma voz humilde,
mas tudo isso irá apenas dar origem a um sopro arrepiante que te deixará tonto
de frio". (43)
Santo Isaac, o Sírio, diz que "O Paraíso é o amor de
Deus, no qual a felicidade de todas as beatitudes está contida", e que
"a árvore da vida é o amor de Deus" (Homilia 72).
Diz São Simeão, o Novo Teólogo:
"Não se engane, Deus é fogo e quando Ele veio ao
mundo e tornou-se homem, Ele incendiou a terra, como Ele mesmo diz; este fogo
sai procurando pelo que queimar - um plano e uma intenção que são bons - e pelo
que acender; e naqueles em quem este fogo se inicia, tornam-se uma grande
chama, que alcança o Céu... esta chama primeiro nos purifica das poluições das
compulsões e então se torna em nós comida e bebida e luz e júbilo e nos
transforma em luz porque nos tornamos participantes da Sua luz" (Discurso
78).
Deus é um fogo amoroso e é um fogo que ama a todos: bons e
maus. Existe, entretanto, uma grande diferença nos modos pelos quais as pessoas
recebem este fogo amoroso de Deus. São Basílio diz que "a espada de fogo
foi colocada nos portões do paraíso para vigiar a aproximação da árvore da
vida; ela é terrível e queima os infiéis, mas gentilmente dá acesso aos fiéis,
trazendo para eles a luz do dia". (44) O mesmo fogo amoroso traz o dia
para aqueles que respondem ao amor com amor, e queima os que retribuem o amor
com ódio.
O Paraíso e o Inferno são um só e o mesmo rio de Deus, um fogo
amoroso que abraça e cobre tudo com a mesma vontade benevolente, sem qualquer
diferença ou discriminação. A mesma água vivificante é vida eterna para o fiel
e morte eterna para o infiel; para o primeiro é o próprio elemento da vida,
para o segundo é o instrumento de seu eterno sufocar; o paraíso para um é o
inferno para o outro. Não ache que isso é estranho. O filho que ama seu pai irá
se sentir feliz nos braços de seu pai, mas se não o ama, o abraço de seu pai
será um tormento para ele. O mesmo ocorre quando amamos uma pessoa que nos
odeia, é como verter carvão aceso e brasas quentes sobre sua cabeça.
Escreve Santo Isaac, o Sírio:
"Eu afirmo que aqueles que sofrem no Inferno, estão
sofrendo ao serem açoitados pelo amor... É completamente falso pensar que os
pecadores no inferno estão privados do amor de Deus. O amor é um filho do
conhecimento da verdade, e é inquestionavelmente dado por completo e igualmente
para todos. Mas o poder do amor age de duas formas: atormenta os pecadores,
enquanto, ao mesmo tempo, deleita os que viveram de acordo com ele"
(Homilia 84).
Deus é amor. Se realmente acreditamos nesta verdade, então
sabemos que Deus nunca odeia, nunca pune, nunca se vinga.
Como o Pai Ammonas diz:
"O Amor nunca odeia ninguém, nunca reprova ninguém, nunca
condena ninguém, nunca se ressente de ninguém, nunca abomina ninguém, seja fiel
ou infiel ou estrangeiro, pecador, promíscuo ou impuro, mas, ao invés disso, é
precisamente aos pecadores, e aos fracos e negligentes que ama mais, e se dói
por eles e lamenta e condói-se; ele tem compreensão pelos perversos e os
pecadores, mais do que pelos bons, imitando a Cristo que chamou pecadores e
comeu e bebeu com eles. Por esta razão, mostrando o que o Verdadeiro amor é,
Ele ensinou dizendo ‘Sejam bons e misericordiosos como vosso Pai no céu’, e
assim como Ele faz chover sobre os maus e os bons e faz o sol nascer para os
justos e para os injustos, também o faz Aquele que possui o Verdadeiro Amor e
Compaixão e ora por todos". (45)
Texto extraido de:
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/teologia/alexander_kalomiros_%20o_rio_de_fogo.html
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